A DOR DO MUNDO

Eu me pergunto o por que da guerra

da doença, da fome, da miséria da alma

dos homens sem coração

que transitam entre nós, devorando-nos!

Sangro pela dor do pai, que chora o filho

que se foi para sempre.

Sangro pelo filho que vê o pai partir,

a velhice o levando para debaixo da terra.

Hoje sou dor, a dor do mundo!

E no meio das minhas ternuras infantis

ainda quero crer no amanhã

e nos vasos nas janelas, floridos.

Mas hoje sou dor!

Desejo que o Deus onipresente

com Sua mão de fogo uma hora se canse de nós.

Desejo também e além, que o Deus onipresente

com sua mão de afago tenha misericórdia

e nos salve deste mundo sombrio.

Senhor que nos fez à Sua semelhança

e estamos assim, tão longe de Ti!

Desfigurados, desumanos, frios...

Somos cheios de palavras bonitas

e tão esvaziados de gestos de compaixão.

Vamos pintando de todas as cores

os portais das dores, fingindo alegrias

compondo canções de amor

e assistimos pela TV a ganância

a usura, a destruição, as traições.

O mundo corre demais!

A vida urbana e desumana

encurtou as brincadeiras

fez crianças adultas sem estórias

apodreceu lares.

Todo poeta tem o coração

dentro de todas as coisas

que gritam do lado de fora.

Todo poeta chora, chora baixinho

com medo que a ternura pereça

e o dia amanheça, sem amor nem flor. Dor!

Por Kátia Storch Moutinho