O mito da caverna moderna
Eis que, na porta,
Onde haveria de ter um espaço
Entre a fogueira e a caverna
Para que passassem as novidades
Que seriam refletidas no fundo,
Na tela de pedra branca,
Não há sombras nem nada.
Agora é só fumaça densa.
Lá dentro os acorrentados
Se amontoam num abraço tétrico
Para morrer assim, abraçados
Por pessoas que jamais abraçariam
Se não fosse pela força solidária
Que a morte lhes ensinou;
Asfixiados da vida e do desencanto.
Tentam atender sem sucesso,
Mais de mil celulares que tocam,
Num canto inesperado e fúnebre
Em celebração ao divertimento,
Ao progresso, à tecnologia
E ao desenvolvimento humano.
Que Santa Maria os proteja...