O mito da caverna moderna

Eis que, na porta,

Onde haveria de ter um espaço

Entre a fogueira e a caverna

Para que passassem as novidades

Que seriam refletidas no fundo,

Na tela de pedra branca,

Não há sombras nem nada.

Agora é só fumaça densa.

Lá dentro os acorrentados

Se amontoam num abraço tétrico

Para morrer assim, abraçados

Por pessoas que jamais abraçariam

Se não fosse pela força solidária

Que a morte lhes ensinou;

Asfixiados da vida e do desencanto.

Tentam atender sem sucesso,

Mais de mil celulares que tocam,

Num canto inesperado e fúnebre

Em celebração ao divertimento,

Ao progresso, à tecnologia

E ao desenvolvimento humano.

Que Santa Maria os proteja...

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 30/01/2013
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