Inaceitável.
Mortes tramadas pela negligência e avareza
Mortes tramadas pela ambição e egoísmo
Mortes tramadas pela teia desumana
De encontros e desencontros
De escolhas aleatórias e de decisões
pesadas ao acaso.
Mortes inundadas de cadáveres
Da última imagem marcada.
Velórios repleto de vozes, dores e
gritos que jamais serão respondidos.
Mortes daqueles
que ainda não deviam morrer
Daqueles que deviam velar
Pelas vidas e mortes de seus pais,
de seus irmãos e filhos.
Resumiram a vida de tantos.
Enxugaram as lágrimas e curaram desencantos.
Significaram o motivo de luta, de fé e rendenção.
Significaram o motivo de vida, sacrifício e
premiação.
Mortes condecoradas.
Bandeiras esparramadas sobre caixões
A declamarem baixinho
lemas, chavões e palavras de ordem.
Mortes amealhadas pela impunidade,
pela ingerência...
Pelo caos capitalista do tilintar das
máquinas registradoras...
a cobiçar lucros, estatísticas,
números e mais números...
Mortes computadas na mídia,
Na lista de presentes –ausentes.
Mortes enredadas pela fantasia
de ser jovem,
de ser alegre
E, seguir para o infinito imprevisível
das paixões.
Assistimos a tudo.
Inertes e absortos.
E nos olhos incrédulos
concluímos: inaceitável.