Inaceitável.

Mortes tramadas pela negligência e avareza

Mortes tramadas pela ambição e egoísmo

Mortes tramadas pela teia desumana

De encontros e desencontros

De escolhas aleatórias e de decisões

pesadas ao acaso.

Mortes inundadas de cadáveres

Da última imagem marcada.

Velórios repleto de vozes, dores e

gritos que jamais serão respondidos.

Mortes daqueles

que ainda não deviam morrer

Daqueles que deviam velar

Pelas vidas e mortes de seus pais,

de seus irmãos e filhos.

Resumiram a vida de tantos.

Enxugaram as lágrimas e curaram desencantos.

Significaram o motivo de luta, de fé e rendenção.

Significaram o motivo de vida, sacrifício e

premiação.

Mortes condecoradas.

Bandeiras esparramadas sobre caixões

A declamarem baixinho

lemas, chavões e palavras de ordem.

Mortes amealhadas pela impunidade,

pela ingerência...

Pelo caos capitalista do tilintar das

máquinas registradoras...

a cobiçar lucros, estatísticas,

números e mais números...

Mortes computadas na mídia,

Na lista de presentes –ausentes.

Mortes enredadas pela fantasia

de ser jovem,

de ser alegre

E, seguir para o infinito imprevisível

das paixões.

Assistimos a tudo.

Inertes e absortos.

E nos olhos incrédulos

concluímos: inaceitável.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 29/01/2013
Reeditado em 29/01/2013
Código do texto: T4110905
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