HIROSHIMA

Bela, serena, trepidante, cheia de vida,

Assim eras Hiroshima, pelo que de ti ouvi falar.

Faceira, tinhas a graça da criança.

Circunspecta, o respeito dos doutores.

E qual zelosa mãe, que a todos amava,

Derramava mil canduras e a todos encantava.

Contudo, marcado estava seu destino.

Ao despertar para a vida, corrias para a morte,

Pois selaram sua sorte com algo diferente que,

Por ironia do mesmo, fostes vítima escolhida.

8:15 da manhã, algo estranho, de repente,

num clarão ofuscante, qual força destemida,

a tudo derrubava, matava e destroçava,

ceifando vidas, ocupando espaços, impiedosa,

e seus filhos, estáticos, incrédulos, encolhidos,

não entendiam, se iam, ausentes morriam.

Pérfida, fostes criada pelo homem,

Em seu bojo força destruidora se concentrava ,

Os átomos liberados, com fúria incontrolável,

Emergiam fortes, a tudo golpeando, cegando, matando,

E os vivos, heróis anônimos, sem nome, inocentes,

Choravam a dor dos desesperados.

Tudo se foi, nada restou, poucos viveram, e estes,

Presentes, aos aflitos acudiam,

Rostos opacos, olhos sem vida, suplicantes, nestes,

Encontravam lenitivo que aliviaram suas dores.

Hoje, sua vítima Hiroshima, ressurge orgulhosa.

Do passado, poucos vestígios, alguns, para avivar memórias,

És vibrante, das cinzas renascestes para a vida.

E de tudo, uma lição amarga se abateu sobre todos,

Bomba Atômica, nunca mais, para sempre seja banida.

06 de Agosto de 2005

60 anos da explosão da Bomba Atômica em Hiroshima