DESCULPEM-ME, FAZ FRIO...
DESCULPEM-ME, FAZ FRIO...
Armas voltadas para mim
com secretas e escandalosas munições
Alto impacto,sobressalto
Desproporcionalidade com a minha visão
Que só enxergava galhos de rosas
E não via as balas de canhão
Não sentia a ausência de perfume
Extraia do ar o costume
Pra que tanta força meu Deus
Se tudo que eu queria era um abraço?
Pra que a rigidez cadavérica
Se eu me gelatinava
Em sentimentos que acreditava
E porque Diabos eu insistia em segurar aquele galho de rosa que fedia?
Nunca gostei de sorvete
Apesar de ser doce maníaca
Acho que o frio me congela
Me assusta mais que a morte
Acho que tenho muito sorte
Em ser sensível assim
Nada ruim
É esse acreditar que me faz ser
Que me faz voar e ler
Ler letras cor de rosa enterradas na areia
A vida pra mim nunca vai ser feia
Estive algum tempo
numa terra estrangeira
falando dialeto que achava sagrado
para quem não ouvia e não entendia
mas tudo era camuflado
Balançavam afirmativamente a cabeça
Respondiam murmúrios
Entoavam canções
Subiam nos muros
Era um jogo de objetivos
Era uma parede branca
Que eu ensopava de tintas
E só consegui pintar um ponto,
Um ponto final.
Esse foi o poema mais amargo, que escrevi,
E a emoção mais triste que já vivi.