DESCULPEM-ME, FAZ FRIO...

DESCULPEM-ME, FAZ FRIO...

Armas voltadas para mim

com secretas e escandalosas munições

Alto impacto,sobressalto

Desproporcionalidade com a minha visão

Que só enxergava galhos de rosas

E não via as balas de canhão

Não sentia a ausência de perfume

Extraia do ar o costume

Pra que tanta força meu Deus

Se tudo que eu queria era um abraço?

Pra que a rigidez cadavérica

Se eu me gelatinava

Em sentimentos que acreditava

E porque Diabos eu insistia em segurar aquele galho de rosa que fedia?

Nunca gostei de sorvete

Apesar de ser doce maníaca

Acho que o frio me congela

Me assusta mais que a morte

Acho que tenho muito sorte

Em ser sensível assim

Nada ruim

É esse acreditar que me faz ser

Que me faz voar e ler

Ler letras cor de rosa enterradas na areia

A vida pra mim nunca vai ser feia

Estive algum tempo

numa terra estrangeira

falando dialeto que achava sagrado

para quem não ouvia e não entendia

mas tudo era camuflado

Balançavam afirmativamente a cabeça

Respondiam murmúrios

Entoavam canções

Subiam nos muros

Era um jogo de objetivos

Era uma parede branca

Que eu ensopava de tintas

E só consegui pintar um ponto,

Um ponto final.

Esse foi o poema mais amargo, que escrevi,

E a emoção mais triste que já vivi.

Conceição Castro
Enviado por Conceição Castro em 25/01/2013
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