Dilacerada
Não conheço o olhar
Que esconde atrás daquela grossa lente
Mas sempre meus olhos fitam
A mão marcada, queimada
Com esforço pra enxergar
Nas lentes caídas
Penduradas numa perna torta
A mão queimada transcreve
A força de quem na dor cresce
Se não bastasse a falta de visão
Ou uma adequada correção
Se não bastasse a marca no corpo
Que traz o passado desconhecido
Se não bastasse a casa cheia
E o recurso pouco
Ainda traz na fala mansa
A oferta de sua tutela
Como quem se leiloa gratuitamente
Será que há quem fique indiferente?
Minha alma dilacerada chora
E a vontade de levá-lo embora