NOITE ESCURA, MAR REVOLTO

Sozinha vou caminhar pela praia apesar da chuva.
Não me importo de molhar meus cabelos  e  roupas
As águas lavam também minha alma
Em passos lentos vou lembrando meu destino
Já é tarde, mas sigo em frente, com o que sinto
Meu coração bate forte, sente que estou tensa
Ao longe vejo um barco todo iluminado
Na escuridão da noite, o barco se destaca
As ondas fazem o barulho normal
Aquele barulho  quando a onde chega na areia
O barco parece parado, desistiu de continuar
Deve ser o barco da desilusão
Não tem razão para ir em frente
Distanciando-se fica tão pequeno
Que parece , esqueceu de existir
Virou um pingo de luz no imenso mar
Ondas altas começam a chegar na areia
Cada vez mais, e apaga qualquer visão
Tudo escureceu, ficou uma noite sombria
A chuva faz bolhas que pulam na areia
Aprecio esse efeito na areia
Sinto meu sangue correr nas veias
É minha tensão que aumenta como as ondas
O mar parece enraivecido, subo pelas pedras
Sento-me no alto e fico a observar.
Com visões de um passado longinquo
Vejo um casal abraçados caminhando
Na beira mar, molhando os pés sem se importar
Eles não vêm nada, estão apenas um com o outro
O resto da vida não  existe, só os dois
Uma lágrima teimosa caiu em meu rosto
Percebi minha solidão, minha saudade
Minha revolta, sufocada no meu coração.
Mas não há mais o que fazer, não...não
Levanto, pego meu carro e quase sem
enxergar, vou seguinto aquela avenida 
Tantas vezes visitada antes, mas agora
...agora tudo acabou, só restam sonhos
Sonhos e devaneios como se tudo ainda
existissse.  Paro o carro noutro ponto
Vejo que o  mar revolto me chama,
Sou tentada a seguir esse chamado
Até aquele infinito onde o mar se junta
ao céu escuro da noite, mesmo assim
numa visão atrativa, vou caminhando
em direção das ondas fortes,
Sinto um bem estar, uma vontade
de ir além, seguindo sempre 
em frente...levada, nessa noite escura
para além do horizonte, além  dos limites
da razão...
Como o barco desaparecido, também
De mim....nada mais se vê...fui para meu mar
Voltei para casa.
Fui ao encontro da minha felicidade. 
naja
Enviado por naja em 20/01/2013
Reeditado em 20/01/2013
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