Sigo Por Dentro
Caminho por dentro de mim,
E nas vielas, te procuro,
Não há mais luz,
Sigo cega, no escuro
E é quando eu te sinto,
Mais do que nunca,
No arrepio dos fios
Da minha nuca.
Caminho por dentro de mim,
E nas alamedas
Escuto tudo o que me segredas,
Agora, que estou surda e cega,
Agora, em que não mais me movo, presa
Pelos tentáculos de um obscuro polvo
Que permanecem enrodilhados, para sempre
Na minha alma;
Por isso, eu morro.
Caminho por dentro de mim,
E não mais me encontro,
É como se alguém contasse um conto
Cujos personagens se foram...
Um livro vazio de vida,
Onde as ilustrações são manchas,
Neste enorme aglomerado
De páginas carcomidas.
Caminho por dentro de mim,
Num frio planeta
Onde não há mais vida,
Pois um meteoro gigante levou tudo,
Um impacto atômico, repentino,
E os pássaros fugiram, em desatino,
Indo pousar nalguma árvore distante...
Passou a vida, passou o instante,
Sigo por dentro de mim,
Caminhante,
Errada,
Errante.
*