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Sigo Por Dentro



Caminho por dentro de mim,

E nas vielas, te procuro,

Não há mais luz,

Sigo cega, no escuro

E é quando eu te sinto,

Mais do que nunca,

No arrepio dos fios

Da minha nuca.

 

Caminho por dentro de mim, 

E nas alamedas

Escuto tudo o que me segredas,

Agora, que estou surda e cega,

Agora, em que não mais me movo, presa

Pelos  tentáculos de um obscuro polvo

Que permanecem enrodilhados, para sempre

Na minha alma;

Por isso, eu morro.

 

Caminho por dentro de mim,

E não mais me encontro,

É como se alguém contasse um conto

Cujos personagens se foram...

Um livro vazio de vida,

Onde as ilustrações são manchas,

Neste enorme aglomerado

De páginas carcomidas.

 

Caminho por dentro de mim,

Num frio planeta

Onde não há mais vida,

Pois um meteoro gigante levou tudo,

Um impacto atômico, repentino,

E os pássaros fugiram, em desatino,

Indo pousar nalguma árvore distante...

 

Passou a vida, passou o instante,

Sigo por dentro de mim,

Caminhante,

Errada,

Errante.

*

 
 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 15/01/2013
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