Eternas Palavras, Eternas Questões
Eternas Palavras, Eternas Questões
"Por que fazem isso comigo?
Por que continuam falando de mim deste jeito?
Eu mudo, mudo e nada acontece,
Vocês continuam com a mesma visão!".
A criança se perdeu
Em trevas e escuridão,
Voltou coberta por luxuria e perversão
Renegada, continuou e viu aonde errou
Decidiu voltar à seriedade
Mudou, mas ninguém percebeu...
"Falam que eu clamo atenção,
Que tento aparecer... Mas será?
Será que eu que me visto em preto em luto
Andando sozinha em face melancólica
Com olhos avermelhados de delirios e dor...
Quero mesmo ser percebida?
Será Que quem se auto-excluiu quer atenção?
... Será? ... ".
A criança continua a caminhar,
Desnorteada,
Mudada e regeitada...
Odeia-se, mas a outros aceita,
Outros que a odeiam
E que ela ama...
Amar? Não, forte demais...
Mas adimira... Tem em razão
Tem compreensão e compaixão
E em troca ganha o asco.
"Ando sem caminho... Perdida, desnorteada,
Antes queria carinho, agora só quero ficar parada.
Vejo a morte ao meu lado e junto a ela alguém amado,
Amizade se vai junto à palavras...
Alguém se mata em seu próprio suicido privado".
Suicídio mental... Em nome de alguém que também já se foi
Ela para e chora... Mas não em desesperado desvelo
Mas suave... Triste e lenta...
Poucas lagrimam caem
Em sua tão triste face ao ver a morte de alguém,
Suas palavras a esse alguem tentam fazer alcançar
Palavras tão erradas... Mas tão suas
Que acharas que iria fazer efeito
Mas não faz e esse alguém assim se vai dizendo adeus, ultimo adeus.
Desistir... Por que continuo a desistir?
Ao meu lado minha guitarra
A minha frente, minha vida.
E em minhas mãos nada
E em meus pés pressa
Correr... Quero correr!
Mas por que não saio do lugar?
Ao seu nome venho mais uma vez citar
E a suas antigas e memoráveis palavras
Venho novamente recordar
Consolos, lições, erros, acertos.
Borrões...
Em minha frente...
Ao seu lado
Ao meu passado
Meu antigo suicídio privado
Meu atual suicídio... Um estado
A minha fome... Sangue
Ao meu medo... Escuridão
A minha sede... Sol
Ao meu frio... Lágrimas
E cai,se vai, levanta, desiste, pára.
E ela pára para algo que não tem futuro.
Para si, que tem sonhos.
Para sonhos sem destino
Para ânicia perdida...
Mas ela treme e volta a arriscar
Mas sem concretizar...
Mas olha alguém, alguém que esteve ao seu lado.
Para alguém que mesmo a abandonar continuou ao seu lado
Mesmo em diferente face e forma
A apoiou e ao ver naquele estalo de coragem
Ela crescer, voltou.
Amado da mesma forma ou até maior
Mas as lagrimas que ela já despejara secaram
Mas ela treme ao ver sua presença
E treme e abaixa ao pensar em decepcionar
Mas por que isso não a faz parar de desistir e falhar?
Se a treme, se a faz pensar.
Por que não a faz voltar a lutar? Pelo menos pelo seu amor...
E essas palavras que parecem não ter mais fim
E esses erros eternos, erros que de eternos não param.
E esse impossível que só se torna impossível porque demora
E ela desiste
E a esse longínquo
Que de tão distante é próximo
E esse pesadelo que de tão tenebroso é real
E essas mudanças, e essas mesmices e esses fatos e esse tudo.
E isso tudo! Continua assim, sem fim.
E ela não se cansa, continua...
Mas continua desanimada, deparada a si.
Deparada ao erro
Depara ao lúgubre
Deparada à morte
Deparada à sua própria face
Deparada à todos...
Deparada à sua tão ferida e mudada alma.
Perdida clama
Apoiada chama
Desnorteada ama
E desesperada volta-se a deitar em sua cama
Chorando...
Amando
Implorando...
Ajudando
Ou pelo menos tentando
Se cala... Se vai... Se abaixa
E rebaixa...
Perde de si o que antes era tão admirável
Perde a vontade de lutar
Perde de si a esperança
E a vontade de continuar!
Lê vidas alheias que de sofrimento tão seu.
Tão egoísta e tão igual
Em seus ultimo versos dedica
A sua perdição
Ela mais uma vez estende sua mão
Põe de frente ao seu coração
Que já bate cada vez menos
Aperta firme seu seio
Como se quisesse respirar
Suspira e sussurra
Adeus... Adeus ao eterno
Com essas eternas e longas palavras
A eternidade do meu fim
Que de meu já não é
Porque já não vem mais de min
Essas últimas palavras
Mas que também não são indiferentes
A essa lasciva dor aqui citada
Aqui sentida
Aqui parada
Mas que não acho fim
Continuo a citar-la
Tentando cessá-la enfim
Palavras repetidas, iguais a muitas.
A muitos
A si
A outros
Ao desconhecido
Ao amado
Ao amor
Ao amigo
Á dor
Pobres rimas, inúteis rimas.
E assim assina sua sina
Que assassina a si
Suicida, com face angelical.
Premonição anormal
A vida dos outros a sua própria dor
Que de tão buscada foi o amor
Eternos versos
Eterno amor
Eterno sofrimento
Eternas palavras
Eternos erros
Eternas mudanças
Eterna vontade de se matar
Mas eterno medo que a faz parar
Eterna vida... Que tem seu fim
Com a morte que a ti chega enfim.
(Rafaela Duccini-1/11/2006)