(Sem Título)
De todos poemas do mundo
Que pude tristonho reler,
Confesso que achei mais profundo
Aquele que pude escrever.
Não falo de filosofia,
Nem falo das formas ou jeito;
Tão menos daquilo que eu cria…
Mas falo das dores do peito.
Pois tudo que vi na existência
Guardei numa folha rasgada;
Encontro-me aos pés da falência
Sem Deus! Sem amores! Sem nada!
Confesso que estou bem cansado;
Talvez já não queira viver…
Pois tudo que fiz… fiz errado;
É tarde… eu só quero morrer!
Mais nada me resta no seio,
Nem sei se o que fiz era meu.
Mas posso afirmar sem receio:
— Adeus, o Nestório morreu.
Eu deixo esses versos sem brilho;
Eu deixo esses versos sem nome;
— Um pai que abandona o seu filho,
Deixando-o passar frio e fome. —
Eu deixo na vida o futuro…
Ao qual "nunca mais viverei".
Adeus, desgraçados… eu juro:
— Eu juro que não voltarei!
Se um dia alguém ler meus trabalhos
E triste sentir-se por fim;
Releia-os por trilhas, atalhos…
E morra também junto a mim.
02 de Janeiro de 2013