TRANSIÇÃO...
Inerte como
água emposada, parada
sem os sonidos costumeiros
com brilhos escapados
embargo no peito
oprimido, escondido
tristezas, amarguras
vindas de outros lados,
de outras bandas
incólumes e indesejadas
calado, sem movimentos
como um triste quadro
de parede, na moldura velha
ou sobre a mesa, um retrato
em branco e preto,
presencio-me recolhido
nesses abismos infinitos
dos dias cinzas
dos nudez empalidecidos
das varandas sem alegrias
continuo a pensar
ao longo encontrar
longe desse cortejo
dos féretros e ataúdes
todas as dúvidas
dos porquês perdidos
que carrego comigo...
portador das emoções
de todos os sentimentos
compartilhados
divididos e guardados
eclodirão ao repente
ressusrgindo dos sorvedouros
o ressuscitar renovado
como o desabrochar
da orquídea velada
no calor de um novo coração
de uma nova vereda, assim
possa encontrar
as razões melancólicas
dos dias sombrios
e noites lúgubres
desses viveres tétricos...
andejo e poeta que percebo
atravesso mais esse espavento
meu maior desafio,
a ponte dos nossos desconhecidos...
Romulo Marinho