O MENDINGO
Lá vai o mendigo, maltrapilho, sujo e imundo, certamente não sabe para onde vai, me parece cansado e faminto, com sua bagagem aparentemente pesada.
Ao passar pela multidão, houve – se os murmúrios – alguns ignoram dizendo: Cruzes, outros me parecem piedosos, e dizem : Coitado!
E ele continua, continua O seu caminhado sem dar o
mínimo de atenção, ou muito menos satisfação de sua vida pessoal, com seu olhar piedoso e triste, cabelos comprido, barbas longas e o rosto mutilado pelo cansaço, e a face molhada pelo calor escaldante.
Já é tarde, e a noite aproxima, e ele continua, um quarteirão, dois e três quarteirões, na rua seguinte a calçada solitária lhe espera, e finalmente ele quer descansar, para retomar no dia seguinte as suas diretrizes, seu rumo predestinado por sua sorte, faz da calçada o seu lar, seu aconchego, a noite é longa, más apesar do barulho ele adormece.
Durante a noite tem pesadelos constantes, e no desespero fala de sua família que por determinada razões o abandonou, teus olhos não resistem a dor e não consegue conter e chora.
A tristeza sem piedade toma conta do seu universo, e neste instante ele se sente um inútil, simplesmente um ser a mais, apenas para ocupar espaço e atrapalhar, as pessoas fogem dele, ninguém vai ao seu encontro, o orgulho das pessoas ferem os seus sentimentos, mesmo ferido e aborrecido, ele vai....., afinal para onde? – vai perambulando por aí, levando consigo a carga pesada do desprezo de uma sociedade infratora, cheia de impunidade e sem padrões éticos.
E assim todos os seus dias são rotinas e costumeiros sofrimentos, e a sua caminhada se limita, pois os seus passos lentos rumam para o fim em fase progressiva e apressada, mesmo assim com os teus olhos cansados, teus gestos inibidos, os teus cabelos longos e túnicas
suja e esfarrapadas caminha, caminha sem constrangimento e fúria, pois em sua mente tudo lhe parece absolutamente normal, segue vagarosamente o seu destino desaparecendo na esquina seguinte, buscando amparato em cada calçada, até que um dia tudo se consuma.
Meu caro cidadão!! – Porque julgam a sua aparência