O ÚLTIMO PORTO

Tristonha caminhada,
Ninguém diz nada,
Não há um murmúrio sequer,
Ouve-se somente o som das pisadas,
Na estreita rua que leva ao cemitério,
No esquife, um corpo de mulher,
Não suportou a dor em demasia,
As intempéries da travessia,
Encurtou a sua sina torta.
Pelas janelas entreabertas,
Pelos vãos das rústicas portas,
Um alguém, outro alguém espia,
A passagem da morta,
Dentro de si, se manifesta,
Uma coisa é certa,
Há de vir também o meu dia.
Ancorado o corpo no seu último porto,
Um a um todos se afastam lentamente,
Juntos com o sol que Põe no hemisfério.

Todos não; pousada com um ar de mistério,
Uma borboleta oferece o seu conforto.