A voz na voz do outro...
I
Foram longos anos de dolências...
Dias e noites sob dormências,
Nossa juventude singrava sem clemência,
Nos báratros dos infortúnios das indecências!
II
Levávamos conosco um arsenal de agruras...
Submergíamos oceanos de dores e tristura,
Enclausurados numa total insanidade...
Mergulhados nas marés da promiscuidade!
III
Morríamos paulatinamente na luxúria...
Seres abjetos, corrompidos pela orgia;
Perdíamos a nos mesmos; na cruel sintonia,
Rastejantes nesta funesta letargia!
IV
Distante de tudo, vivíamos num circo de horrores...
Ao descerrarmos as cortinas nos pernoites...
Representados na companhia dos algozes,
Que consumiam nossas carnes c'mo abutres!
V
Tornamo-nos seres ardis e condenados...
Tripudiados e arduamente renegados,
Neste palco de amarguras e falsas aparências,
Ao sobrevivermos dum passado sob desflorescências!
VI
Bem sei que não fomos felizes na Infância...
Muito menos na Juventude; absorvidos pelo luto;
Ora, sobrevivemos sofrentes em absoluto,
Colerizados nesta urdidura sem clemências!
VII
Sofremos juntos a fealdade dos mundos...
Nesta sociedade cruel dos submundos,
Que ora evocamos em versos moribundos,
Versos e mais versos de mim - oriundos!
VIII
Sei que vivemos numa eterna clausura...
Onde dividíamos tristura e sepulturas,
Ora juntos, relegados à tétrica solidão;
Perdidos no tempo d'outro quinhão!
IX
Sofremos, carpimos faltas e abrolhos...
Ora só, restaram-nos espinhos; e não flores,
Condenados ardilmente; no mar das dores,
Despetalados e afogados; sem viço e sem cores!
X
Versos jorram sem brilho, porém, abomináveis,
Por existir, inexoravelmente, ao selar...
Na voz do poeta que deverá se reinventar,
Mesmo sob tristura nas outras vozes indizíveis!
XI
Porém, lembraremos da tristura ao brotar...
No peito e decadência quando dormitar...
C'm a força dum sol imperador que renascerá,
Nos elos da solidão que haverá de perpetuar!
XII
Então, num ato de fé e crença:
Legaremos um pouco de pujança...
Ao desvencilhar desta vil sentença,
E, recobrar de pronto: a voz da Esperança!
I
Foram longos anos de dolências...
Dias e noites sob dormências,
Nossa juventude singrava sem clemência,
Nos báratros dos infortúnios das indecências!
II
Levávamos conosco um arsenal de agruras...
Submergíamos oceanos de dores e tristura,
Enclausurados numa total insanidade...
Mergulhados nas marés da promiscuidade!
III
Morríamos paulatinamente na luxúria...
Seres abjetos, corrompidos pela orgia;
Perdíamos a nos mesmos; na cruel sintonia,
Rastejantes nesta funesta letargia!
IV
Distante de tudo, vivíamos num circo de horrores...
Ao descerrarmos as cortinas nos pernoites...
Representados na companhia dos algozes,
Que consumiam nossas carnes c'mo abutres!
V
Tornamo-nos seres ardis e condenados...
Tripudiados e arduamente renegados,
Neste palco de amarguras e falsas aparências,
Ao sobrevivermos dum passado sob desflorescências!
VI
Bem sei que não fomos felizes na Infância...
Muito menos na Juventude; absorvidos pelo luto;
Ora, sobrevivemos sofrentes em absoluto,
Colerizados nesta urdidura sem clemências!
VII
Sofremos juntos a fealdade dos mundos...
Nesta sociedade cruel dos submundos,
Que ora evocamos em versos moribundos,
Versos e mais versos de mim - oriundos!
VIII
Sei que vivemos numa eterna clausura...
Onde dividíamos tristura e sepulturas,
Ora juntos, relegados à tétrica solidão;
Perdidos no tempo d'outro quinhão!
IX
Sofremos, carpimos faltas e abrolhos...
Ora só, restaram-nos espinhos; e não flores,
Condenados ardilmente; no mar das dores,
Despetalados e afogados; sem viço e sem cores!
X
Versos jorram sem brilho, porém, abomináveis,
Por existir, inexoravelmente, ao selar...
Na voz do poeta que deverá se reinventar,
Mesmo sob tristura nas outras vozes indizíveis!
XI
Porém, lembraremos da tristura ao brotar...
No peito e decadência quando dormitar...
C'm a força dum sol imperador que renascerá,
Nos elos da solidão que haverá de perpetuar!
XII
Então, num ato de fé e crença:
Legaremos um pouco de pujança...
Ao desvencilhar desta vil sentença,
E, recobrar de pronto: a voz da Esperança!