O Hóspede
Há pensamentos, sentimentos incômodos. Eles perduram, não oferecem respostas, nem explicações. Apenas ficam lá, imóveis, parasitas, e principalmente, malditas.
Parecem gostar de você. Apresentam-se como um hóspede. Mas você, claro, não gosta deles.
Ao invés disso, você, com olhos fechados, tenta responder. E acaba recorrendo a catarses, preces, vícios, álcool, outras coisas.
E funcionam ? Não. Eles te aplaudem, gargalham e regozijam-se de suas frustradas tentativas.
Você é uma peça de teatro, divertida, e de entrada franca para todos eles.
Até que, num pensamento fugaz, percebe que seu hóspede não tem a intenção de deixá-lo jamais. Quando mais se tenta escapar, mais presente ele está.
Então você olha para ele, e sorri.
Cumprimente-o, ofereça-lhe café, palavras de conforto, e um assento. Conheça-o melhor. Seja educado.
Delate sua simplicidade. Ou complexidade. Conheça seu inimigo.
E, por fim, expulse o demônio interior, exorcize-o.
Veja o Teatro pegar fogo.
Faça uma prece, e sorria, após muito tempo.