NADA

Tinha nos olhos o desgosto,
Um sentimento posto,
Pela dureza, indelicadeza dos dias.

Ali; na margem da via,
Convivia a sós com o sofrimento,
Movia seus braços ao vento.

Como se quisesse voar...
Procurar um longínquo lugar,
Onde não houvesse rupturas.

Mas, no íntimo de sua desventura,
Ela, bem sabia, a vida é espessa,
Um insustentável ego, alma submersa.

E não há movimento de asas, conto de fadas,
Não há sonho, não há nada,
Que a tire desse insólito estado.

Amor? perdeu-se nas cinzas do passado.