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Enfermaria

Em volta,

Ossos quebrados,

Sonhos quebrados

E interrompidos,

Gemidos de dor.

 

Uma longa  e dorida espera,

Que, todos os dias, 

Tenta virar esperança

Ou desespero,

Metamorfoseando-se

Conforme nasce e morre

Cada dia.

 

À noite, a dor desperta,
Não os deixa dormir...

E eles anseiam pela resposta

Às preces não ouvidas

Dirigidas a deuses egoístas.

 

A senhorinha reclama,

Sente saudades de casa,

Dos cães, das panelas,

Dos canteiros de ervas

Por ela plantadas...

O filho anda longe,

Não tem tempo,

Deixou todo o tempo que tinha

Naquela cama, com ela,

E o tempo ficou, não passa...

 

A outra, aguarda

Há dois meses, por uma cirurgia,

Enquanto quem deveria

Providenciá-la com urgência,

Conta a maldade nas notas que desviou.

Para cada nota, um milênio

Que com certeza, tal pessoa

Há de passar no inferno.

 

E o inferno é aqui,

Onde jazem, imóveis,

Por dias, por meses,

Enquanto os ossos soldam-se tortos...

 

Paraíso? Distante!

Palavra vaga e fria,

Rolando nas pupilas 

De cada paciente

Da enfermaria.


*

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 07/12/2012
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