Invasão infame
Abalo de aroeira que não se abala
Cisma de cadafalso; miragem.
Viagem repentina aos recônditos d'alma.
É duro viver em um país descoberto;
É só frio, medo e miséria.
A poesia anti-caetana assola ao meio-dia.
As gatas, antes estonteantes,
Andam mais tontas do que antes.
A luz que ilumina também cega
A loucura que sara, também alucina.
Ninguém tem medo do lobo, coisa e tal,
É tão normal ser animal, ser do mal.
O lobo bom é bobo e babão,
A cuca, encucada, crava no porão.
Crescem os mancebos com seus sebos
Mentais encalacrados.
Enquanto os sebos são fechados
E os malditos leitores agonizam.
A fome agora é outra aventura
Dura, mais que as cabeças,
De onde vem o onda? Do rádio?
Do calor do computador?
Parece que ele não computa a dor.
Só se sabe que uma orquídea
Negra escapou dos escombros.
A natureza não tem mais mãe!
Ah se ainda vivessem os Vinícius...
Mesmo com seus vícios e sacrifícios.
A sede de poesia resseca a pele,
A pobreza poética dança sem ética
A estética morre a sangue frio,
Os seres desumanos atacam e devoram
Com seus santos punhais elaborados
Na doce indústria fonográfica,
Sem lógica, anti-euclidiana e boçal.
A mente ronca de fome...