Invasão infame

Abalo de aroeira que não se abala

Cisma de cadafalso; miragem.

Viagem repentina aos recônditos d'alma.

É duro viver em um país descoberto;

É só frio, medo e miséria.

A poesia anti-caetana assola ao meio-dia.

As gatas, antes estonteantes,

Andam mais tontas do que antes.

A luz que ilumina também cega

A loucura que sara, também alucina.

Ninguém tem medo do lobo, coisa e tal,

É tão normal ser animal, ser do mal.

O lobo bom é bobo e babão,

A cuca, encucada, crava no porão.

Crescem os mancebos com seus sebos

Mentais encalacrados.

Enquanto os sebos são fechados

E os malditos leitores agonizam.

A fome agora é outra aventura

Dura, mais que as cabeças,

De onde vem o onda? Do rádio?

Do calor do computador?

Parece que ele não computa a dor.

Só se sabe que uma orquídea

Negra escapou dos escombros.

A natureza não tem mais mãe!

Ah se ainda vivessem os Vinícius...

Mesmo com seus vícios e sacrifícios.

A sede de poesia resseca a pele,

A pobreza poética dança sem ética

A estética morre a sangue frio,

Os seres desumanos atacam e devoram

Com seus santos punhais elaborados

Na doce indústria fonográfica,

Sem lógica, anti-euclidiana e boçal.

A mente ronca de fome...

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 04/12/2012
Reeditado em 16/10/2013
Código do texto: T4019770
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