Invernada**
Como lhe dizer? Como?
Desta tristeza que se agiganta
Como lhe dizer? Como?
Desta vileza que dói no peito
D’um punhal transpassado n’alma
dos silêncios que me ferem
enquanto se acumulam em nós
os tantos nós que sufocam as palavras
aprisionadas na garganta do coração
que não virou as páginas da memória
ainda que venha travando uma luta inglória
entre as armadas infernais da razão
e o coro celestial das nossas emoções
Como lhe dizer? Como?
Que mesmo sem sangrar
o meu olhar a ermo se precipita
ao vazio das invernadas e seus frios
Talvez! Nem se faça necessário lhe dizer...