O vau da carne

Os pés já não mais reclamam,

Agora sangra o próprio caminho;

A alma desconfiada e cega

Desampara o corpo estranho.

O que sobrar das cinzas

Será dividido entre os asnos;

Cadê o fogo? Cadê o nexo?

E o sentido da vida, Margarida?

Da amarga lida tudo se explica:

Tem uma gata na esquina

Que não se esquiva e está viva,

É a morte certa em dia errado;

E assim, um novo ser desperta

Depois de tanto feriado.

No coração das Marias pré-concebidas

Com pecado originalizado, cadafalso e cinzas.

Um hímen dilatado pulsa e fala:

Ai! Eu quero um falo...Hum...

Mas estão todos cansados...

Decepcionados e recalcados.

Porém, uma velha, na outra esquina,

Com cara de banca-de-jornal,

Sorri como uma não criança;

A gorda, a Dona Esperança,

A Moma-dama-matrona, que...

Só se alimenta do amoral;

Promete uma nova e ofegante dança;

Centenas de aumentos de pança

Em outro velho e desesperado carnaval.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 03/12/2012
Reeditado em 21/12/2012
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