O vau da carne
Os pés já não mais reclamam,
Agora sangra o próprio caminho;
A alma desconfiada e cega
Desampara o corpo estranho.
O que sobrar das cinzas
Será dividido entre os asnos;
Cadê o fogo? Cadê o nexo?
E o sentido da vida, Margarida?
Da amarga lida tudo se explica:
Tem uma gata na esquina
Que não se esquiva e está viva,
É a morte certa em dia errado;
E assim, um novo ser desperta
Depois de tanto feriado.
No coração das Marias pré-concebidas
Com pecado originalizado, cadafalso e cinzas.
Um hímen dilatado pulsa e fala:
Ai! Eu quero um falo...Hum...
Mas estão todos cansados...
Decepcionados e recalcados.
Porém, uma velha, na outra esquina,
Com cara de banca-de-jornal,
Sorri como uma não criança;
A gorda, a Dona Esperança,
A Moma-dama-matrona, que...
Só se alimenta do amoral;
Promete uma nova e ofegante dança;
Centenas de aumentos de pança
Em outro velho e desesperado carnaval.