O PERGAMINHO
Quem sou eu?
Se não um poeta fora de época
Procurando com estas mãos trépidas
As vestes que entrarei no céu.
Quem eu sou?
Se não um bobo apaixonado
Que de amor morre amargurado
Por um futuro que não passou.
O que é a vida?
Se não um poema de horrores
Onde o pobre eu-lírico em dores
Lamenta mil lágrimas sofridas.
Eu tenho papel aqui?
Se sim, não vou mais aceitar
Vos deixo escrito, tentei amar
Mas foi pra solidão que me vi sorrir...
E são com estas palavras que me despeço
Eternizar-me-ei num pergaminho
Que como eu, está sozinho
Cheio dum conteúdo funesto.
Adeus...