NO MESMO LUGAR

É uma dor vadia,
Uma dor-agonia,
Que toma conta,
Apronta,
Com o espírito,
É um misto,
De melancolia
E angústia,
Uma veemência,
No comportamento,
É um sentimento,
Que não passa,
Despedaça,
Embaça o olhar,
É uma vontade,
De chorar, de gritar,
Rasgar a realidade,
Ir embora...
Me perder,
Ao sabor do vento,
Enlouquecer.
Mas, o pranto não desce,
O grito não aflora,
A loucura não amanhece,
Eu fico no mesmo lugar,
Com a mesma dor,
A sobrepor, transpor,
o corpo, a alma, a poesia.


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IMPOTÊNCIA

 Despida, desnuda no frio,
estremeço em arrepios,
ao sopro da brisa que passa,
trazendo dor e desgraça,
à minha vida vazia.
Enorme melancolia,
 um arremedo de medo,
sentimento que me assalta,
dia claro, noite alta,
algo que eu não entendo.
Quero rir, quero gritar,
ir embora neste agora,
uma vontade esquisita,
uma espécie de loucura,
que me fere, me tortura
e minh'alma faz-se aflita,
ela que era tão pura.
Sem esperança uma lança,
me transpassa, me ameaça,
e me quedo acorrentada,
sem nada fazer. Nada, nada!

(HLuna)