CEGO, TOLO
Não me espere na curva do rio
Nem em lugar algum da cidade
Vou-me embora , fica o vazio
Algum dia vais sentir saudade...
Cansei da indiferença leviana,
Silenciosa, machucando devagar,
E eu a mendigar, tola insana,
Um sorriso, uma palavra, um olhar.
Maltratas quem te ama, inconseqüente,
Ages por impulso ou pões á prova
Como se esse amor te fosse: indiferente.
Matas, e em silencio o depõe na cova.
Doces momentos, suspiros trocados
Cálidos encantos, desejada presença
Foi veneno lento em juras semeado
Morte solitária é minha sentença?
Não se mata o amor, ele é eterno
Isso é verdade, sou a testemunha
Ciúme e mentiras só fazem inferno
Do tolo que amar apenas supunha.
Feris-te sem cura a minha esperança
Quando tuas palavras fizeram meu engano.
Perdão não tens, não mereces vingança
Faço-me gota que volta ao oceano.
Não me esperes mais ter nos braços,
Nem julgues que volto, isso jamais.
Não deixo rastros pelos meus passos
Chora e lamenta agora os teus ais...
Fui a estrela que tu não merecestes
Surdo ficaste ao alerta do meu grito
Semeaste a solidão, não percebeste,
Irás fitar meu lume no céu infinito.
Segue sozinho agora, a tua jornada,
Foi tua escolha, outra é a minha!
Podias ter o céu na terra em tua amada.
Cego, tolo, jogou fora o amor que tinha!