casa velha
destruido
tudo destruido
a tranca
da porta
dos sonhos
da volta
do caminho.
restaram-me
apenas os tortos,
os de cór,
não me servem
mais.
e as paredes
à volta de mim
sem flores alguma
que tolhem-me.
destruido
o par
o dos sapatos
que calcei eu
para vir até aqui.
destruido
o espelho
que mostava-me
as cores
de mim.
sem côr,
sem versos,
sem tom,
rimas com a dor
as tenho todas.
muda estou.
quieta,
quase morta.
destruido
desarrumado
rasgados os amores
embotados
com cheiro de bolor
ao lixo jogados.
destruido tudo
em minha casa velha
de mim.
Karla Mello
26 de Novembro de 2012