Um mísero inseto mudo

Gritam loucas as cigarras

Mas o desespero ainda ocupa o peito pútrido do poeta morto

Berram tontos os insetos malditos

E a insanidade é reprimida dentro do que resta de um corpo

E a tristeza é vulnerável como o tesouro em um cofre

Deus, como invejo as cigarras!

O grito, reprimido, ácido

Coração fechado

A mente repousa no espaço

Na face, a imagem de um retardado

Queima o peito em ciúmes, ardente

Perde-se o pecador em pecado demente

Luta o mártir contra a paixão torturante

Perde-se o poeta na insana busca pela palavra eloqüente

A loucura invade sua mente

O nojo de si próprio o mata lentamente

E assim, o grito agudo das cigarras ecoa em seu ouvido

A ostra, o cofre; anti-social: não há mais amigos

Não há forças para gritos

Deus, como invejo as cigarras!

(Novembro de 2006)

Wesley El Nino Silva
Enviado por Wesley El Nino Silva em 25/11/2012
Código do texto: T4004026
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