A lenta morte

A falta de ar

E a dor na garganta

Revelam muito mais que lágrimas

A dor física machuca

Mas o âmago da mesma

Rasga o corpo

Uma

Duas

Três

Vezes

Um porto seguro

Deixou de segurar o afeto

De um feto

De uma flor

Lotada de dor

Mas esse dolorido jardim

Ainda cresce

Ainda ama

Ainda erra

Ainda chora

Não se corta uma pétala!

Não se mata um alguém!

Não? Se?

É.

A morte é ansiosa

Mal acaba de comer

E já vai à caça

Vai juntando pequenos

E pequenas, beliscando

Pouco a pouco

Arrancando vasos de sangue

Seivas de dor

A fome do poder

O medo do fugaz

O que já foi teu um dia

Ainda se vai, de fato

Já está indo

Mas tu, ser difame,

Ao perder a força

Ganha arrogância

Não aguenta

E não vive mais

Ao menor contato da existência

E ao não ver outra opção

A não ser,

Ceder à liberdade

Manda junto a ela

Dardo de mágoa e arrependimento

Injustamente

E esse desconto injusto

Vem e doma a vida

Joga qualquer sorriso

No poço esgotoado

Do passado.