Pobre poeta
Tantas rimas perdidas
Dos céus à vala infecta
Tudo que é teu se desfaz
Nas mentes mesquinhas e perversas...

Pobre poeta, há de haver alento?
Algum dia o riso cessará o medo
Algum dia menos suor e tormento...

-Ah! Menos paixão já bastaria!-
Pobre poeta das pérfidas confrarias
Teu nome parece mau agouro...
Ergue-se tua fibra, sentida
Não demora muito e da paz surge o choro...

Ah! Caro poeta, como sofro!

Poeta das noites esticadas
Dos dias minguados
Das dores guardadas...

Poeta do despertar
Dos encantos...
escapam dos cantos
O irônico brado do morrer ou matar...

Poeta de tantos amores
De Weras, Rosas e Feras
Poeta de tantos amigos
Perdidos e aflitos
Reis, injustos e profetas...

Poeta requisitado
Perdido
medido
Julgado
Esfarelado...

Poeta amado
ferido
Sozinho
Derrotado...

Poeta dos medos
O amigo traiçoeiro
Ah! Poeta de meus segredos!
Quem és tu?
Apenas aquele que admirado é
Por ter mostrado que o Rei está nu...

Quem sou eu Poeta?
Nem Pedro, nem João ou Joaquina
Muito menos Ivanova
Ou Rosa sedosa orvalhada de neblina...
Muito menos Claudios
Ou Sanctus traidor da alma beneditina...

Não sou teu publico
nem teu novelo...
Não há o que desenrolar
Sou apenas um brilho atrevido de luar
Não há o que expor...
Sou apenas mais um corpo que anda
Vazio de alma em teu Circo de Horror...

Pobre Poeta...Pobre Poeta...
Ah! Como lamento
Teu nome ainda é espanto e dor...
Quando os que te seguem descobrirão o amor?

Pobre Poeta...Paga agora o Preço
Pelo uso magnânimo de tua verve
Enfeitas-te com requinte exagerado
Bebe do fruto do pecado
Que tuas letras com esmero pisou...
Pelo teu apreço pague agora o preço

Teu nome ainda é escândalo
E nele perdem-se as almas...
E longe parece está de ter um seguidor...
Não importa para onde olhe
(Não é mesmo? Poeta de “Cesares” e “Weras”)
Sempre há de ter ao teu lado um perseguidor....

Como eu lamento Caro amigo...
Como eu lamento!