Em preto e branco

Fim da manhã de agora.

Nublada e sob a promessa de lágrimas

Aves piam tristes pela ausência de sol

O gavião caça impiedosamente.

Pegou uma pomba velha e fraca.

A presa não tem direito a envelhecer.

Morrer é próprio da presa.

Assim como viver é próprio do humano.

A morte é inumana

Nos deixa sem corpo e sem alma

Ou talvez só nos deixa a alma

para o vento levar

Meus furacões mentais se enfurecem.

Ao encontrar a ironia do caminho.

A rir com o cantinho da boca.

Dentes cerrados e a ponta da língua

Afiada feito agulha.

Sádica.

Deleita-se com a dor da ignorância

Com o silêncio fonético do outono.

Seu olhar pérfuro-contundente

Rasga a paisagem lá fora.

Mas não aflora de dentro de você

Uma só confissão sequer.

Fim da manhã

Sob nuvens de chumbo

A saudade é roxa e azul.

Todas as cores do mundo

Foi embora

Quando você se foi.

Agora tudo é assim:

Bicolor: branco e preto.

Ou simplesmente:

em preto e branco.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 15/11/2012
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