Versos perdidos
O poeta chora os versos derramados,
Escorridos pelos vãos dos dentes,
Escapados da boca cheia de segredos;
Versos proscritos e esquecidos.
Ele escreve com seu sangue
Nas paredes de sua própria alma;
Esculpe com navalha na carne,
Cava fundo. Traz à tona
todas as verdades à flor da pele;
Não se assusta com nada;
Não foge, não medra, .
Chora com a falta de esperança,
Dessa ele foge léguas, espantado...
Fica olhando por trás das pedras
Dos corações descuidados;
Desconfiado, arredio e alerta,
Se entrincheira, furtivo, encabulado;
Se abaixa e espera, espera, espera...
Até que os versos voltem a jorrar, a sorrir
Cachoeiras de luz e de alegria;
Até que brotem sentimentos de esperança
Em espíritos férteis e abundantes;
A criança renasça... homem cresça...
E a própria vida reviva florescida...