Lágrimas Invisíveis
Se me ponho a pensar em outras épocas
Em que ri e cantei e fui querida,
Tenho a impressão que foi n’outras esferas,
Parece-me que foi em outra vida...
E a minha triste boca dolorida
Que antes tinha o riso da primavera,
Expressa as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E me ponho, tristemente a olhar o vácuo...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém ver que sangram de minha alma!
Ninguém ver que queimam dentro de mim!
Isis Dumont
Inspirada em “Lágrimas Ocultas” (Florbela Espanca)