Esquecer o que jamais esquecerei
Jamais esquecerei o quanto não sei viver.
A dualidade apossa-se de mim, enquanto o compasso da vida está em movimento.
Como poderia esquecer o sorriso superficial em belas facetas?
A compaixão dos seres humanos foi esquecida pela ganância.
Jamais esquecerei as tormentas que ouço durante minhas caminhadas.
Sons atordoantes, antes da minha pena mortal.
Enquanto pássaros agarram-se às copulas de árvores densas e profundas,
sou obrigado a encenar em peças reais de palhaços sem máscaras.
Como poderia esquecer o meu nome.
Ele é repetido na história de forma distorcida em meus pensamentos.
Ousaria nomeá-lo de indecisão.
Indecisão que destroça meus caminhos, meu futuro e a minha alma.
Esquecerei as lágrimas de meu percurso fétido aqui existentes.
Concomitantemente, esquecer o que era esquecido e mergulhar o rosto em cascatas de águas cristalinas.
Atordoa a alma e a destrói em cacos de cristais.
O medo da solidão por um futuro sóbrio.
Queria eu poder ter dias e noites tocando ao meu piano.
Cantando e ser cantado pela realidade em mim não existente.
Aos cantos, socorrido, aos cacos ao som de violinos.
Amaria eu escrever sem nem mesmo saber o porquê de esquecer.
Esquecer minha origem.
Esquecer o que carrego há anos em minhas costas.
Esquecer o que nunca jamais esquecerei.