A rosa enterrada nos dois polos do mundo, sucumbe em essência, lamenta em seus braços

Diante da face deste espelho negro,

esvazio meus sonhos atordoados em tristeza.

O vazio que faz de mim alguém vulnerável à queda.

Do amor que eu mais desejo honrar nesse dia, ele se encontra em terras distantes.

Por um pesadelo eu atravesso oceanos de lágrimas.

A única crença em Deus se desfaz de uma bipolaridade.

Quando seus dois polos não mais se encontrarem,

O que seria do jovem, se não o túmulo.

Cantante seria por uma esmeralda em seu coração.

Alegre seria se o vazio se preenchesse de razão.

O homem nasce para viver, mas vive para morrer.

Habitar um mar de espinhos não significa que irei naufragar.

Viajando em terra firme, ouço o sol lamentar-se.

O chamado da lua cabe ao poente decidir se estes polos irão se encontrar.

Em uma aurora de luzes negras, adormecem os anjos da batalha do anoitecer,

para que o sono não perturbe mais a dor que os desfia como carne em abatedouro.

Na alvorada da canção de pardais,

o lamento jorra sangue nas faces dos querubins.

Injúria do perdão sucumbido em suas vistas.

A queima de seu coração faz de seus órgãos flácidos e quebradiços.

Quando não restarem mais seres neste mundo torrencial,

tocarei os sinos das igrejas em profana discórdia.

Nunca suspire em paz, pois isso faz invejar os agouros corvos.

Não subestime o caminho traçado por Ares, pois as espadas que me atravessam irão romper o sacrilégio que ainda resta em meu corpo.

A tempestade em códigos de adeus permeia a mente do escritor.

Para que seu poema eternize o amor pela escrita, e da escrita sobreviva.

Este amor que se cala em prece, que ferve de vermes, que inebria o nadar dos cisnes.

Do crepúsculo em selvas de guerra, as palavras se digladiam para expressar a dor sentida.

Uma despedida em olhos inundados, na calmaria dos dois polos.

Leve-me à benção, leve-me à redenção.

Em perfumes de rosas, o amor que insisto em sentir nunca desaparecerá.

Quando não restar mais a fragrância, o calor do tempo murchará e enterrará minhas pétalas.

De terra me alimentarei e de esperanças neste fundo imenso do universo, pois minha essência que eternamente viverá em teus braços harmoniosos de fé nunca desvanecerá.

Le Cygne Noir
Enviado por Le Cygne Noir em 03/11/2012
Código do texto: T3966296
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