Ode à alvorada
No fundo de tudo que se busca,
encontra-se o vazio do viver.
Não há razão nas almas sem sentido.
Aonde ir sem se rasgar em pranto.
Almeja-se à vitória dos fracassados em suas jornadas.
Um lugar para buscar o conforto de tamanha escória longe do berço.
A vida encontra sua normalidade em incessáveis punhaladas.
Faz-se em lágrimas o sonhador em outrora noite.
Uma viagem à tentação infernal dessa realidade dos entes.
Na compaixão enjaulam-se a dor, a mágoa e a catástrofe do conto fantasioso.
A punição desfia meus olhos, incinera meus pés, assola meu corpo.
Caminhando à triste face dos humanos.
Onde na conduta dos mortais Deus permaneceria,
a ingratidão jaz.
Não há luz na cova de meus destroços.
Não seria pecado enxergar o voo dos pássaros cantantes no coração da humanidade,
Todavia, aquele que é sucumbido em dor e maldade, para se esvanecer em cinzas.
Lava-te de sangue, hospedeiro da perversidade.
Cumpra o destino demoníaco que te propuseste a seguir em vermes de satanases.
Não luta blasfemando contra um Deus em que aqui existe.
Despedaça tuas malícias em fundos da discórdia, aonde dormir eu não irei.
Cala-te por teus insanos pesares sobre mim,
e não insista no desastre deste enoitecer.
És a água densa que com hostilidade eu me embriago.
És o lodo em que caminho por tempos infindáveis.
É neste poema, em que perpetuo tuas gargalhadas.
Esse amor inábil em feridas de câncer...
Caio ao louvor à espera de fulgor,
das orações sobre dilúvio, à aurora grandiosa.
Cintila a divindade, em que dentro de mim, parecia sepultada.
És a vela que eu apagarei diante dos meus abertos braços em devoção.
És a esperança de meus desejos e és a fúria de que me despeço.