IDA
O tempo passou e nada restou,
tudo foi guardado e muito não foi mostrado.
A chuva lavou cada passo dado
e o caminho está todo calçado.
A música terminou e quem ouviu não memorizou,
nem mesmo o som se eternizou.
Assim como a flor sem água murchou,
dos meus olhos toda lágrima secou.
A noite então criança de repente envelheceu
e o dia cansado dormiu.
Meu sonho se soltou e nas asas do tempo embarcou,
e sem alimento com certeza morreu.
A palavra perdeu a força
e o coração de tanto pulsar esmoreceu.
Nada ficou, até a saudade sumiu.
A ida ficou leve,
na mala muito pouco do que se viu
e num caminho incerto partiu.