Coração de Lata

Dentro das porcas e ferrugens,

Já não rodam engrenagens,

Nestas fracas asas de penugens

Meu coração nas ferragens!

Faltam nas roldanas as graxas

Apertar alguns frouxos parafusos

Na melancolia que te abraças

Diante dos sofrimentos confusos!

Soldando com cuidado os moldes

A afrouxar suas correias,

Como uma nota surta dos acordes

Que nas trevas incendeias!

Já não lhe serve o combustível,

Que agora enche o tanque,

Nem trocar-lhe pelo novo fusível

Ou lavar-te com sangue!

Arrefeceu este velho motor,

Que tão antigo agora se desata,

Perdera tudo, até esse amor,

Arrefeceu esse velho motor,

Tão antigo que agora se desata,

Perdendo tudo, até o amor

Frio como esse coração de lata!

opoetakurita
Enviado por opoetakurita em 28/10/2012
Código do texto: T3956701
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