A AQUARELA DA MORTE
Éramos silenciosamente o pó de uma aurora
E a névoa púrpura devora os vermes que somos
Mas é preciso comer da carne, alheia às minhas sensações.
A pele áspera dissolve-se em delírio
O medo afaga o meu espírito
E esteticamente nada serei além de mim mesmo.
Viver é o meu tormento. E tudo, estava escrito por Deus?
Eu sou o seu instrumento, a sua luz, e o seu sangue
Então bebo desse líquido e alimento-me de fé e esperança.
Em campos de flores mortas descansei uma lágrima
Os urubus voam sobre mim à procura de abrigo
E a tempestade cai colorindo a minha angústia.
A maldade é uma doença, e veio absorver a aura humana
Somos escravos de nossos próprios destinos
E não sei quantas gerações existirão até o Ultimo Poema.
Dentro deste chão jaz um poeta triste
Vivendo em órbitas crescentes
Que se movem sobre e além dos desejos desse mundo
Amei tanto e não senti o amor
Mas acredito que estou no caminho certo
E cantarei o amor e o sacrifício será a minha dor.
“E ainda que um exército me cercasse,
O meu coração não temeria nada
E ainda que a guerra se levantasse contra mim, nisto confiaria.”