A Recusa

Recuso-me a te responder.

Recuso-me.

Enlouqueço, mas não o faço

ando pela casa, esbravejo, bato as portas

grito aos vizinhos, até me mudo.

Vou para outra cidade.

recuso-te, solenemente.

teus defeitos, tuas virtudes.

Anulo-te, nego-te meus pensamentos

os espaços vazios em minha cabeça.

rasgo os planos. Os teus e os meus

risco teu nome em minhas cartas

despejo o conteudo delas na privada,

e dou descarga em nossos bons e maus momentos.

Prefiro o tédio, os verbos intransitivos, os domingos nublados.

Prefiro a solidão.

Enlouqueço só, mas nego-te.

nego-te uma resposta

nego-te minha vida

nego-te, por fim, a propria recusa.

De mim, terás apenas o meu silêncio.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 21/10/2012
Reeditado em 08/03/2018
Código do texto: T3944682
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