MADRUGADA

Na madrugada prolongada,
Um rubro coração palpita,
Uma alma solitária se agita,
Grita entre o cinza e o nada,
De dor, de saudade? talvez.

Nas sombras da madrugada,
Onde se debruça a neblina,
A lágrima desce cristalizada,
No semblante da mulher menina,
Desalenta, provoca insensatez.

Ah! madrugada enigmática,
Porque insiste em não se render ao dia,
Ficamos nós duas estáticas,
Sob o olhar leviano da agonia,
Circundadas por tantos porquês.

Madrugada, eu te imploro; vá embora...
Me deixe inaugurar a aurora,
Se não eu perco a lucidez.


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ANGÚSTIA

Madrugada tão parada,
e eu só, pensando em nada,
sofro a dor da agonia,
ansiando venha o dia
pra tirar-me da tortura
da enorme noite escura,
minha eterna companhia,
sem senão e sem talvez.
Perco toda a lucidez,
não controlo a minha boca,
grito alto feito louca...
Quero escapar, não consigo:
aonde vou, vais comigo.

(HLuna)