LÁGRIMAS DA VIDA
Hoje, nem meu verso quis sair da lágrima
Hoje, nem meus passos quiseram sair da cama
Hoje, nem meus sonhos querem mais viver
Hoje e sempre, não me permito mais ir além...
Sinto na profundidade da minha dor
O desprezo de nunca ser lembrada
A mágoa que se direciona ao peito
E se prende a raiz do meu coração...
Sinto nos meus olhos aflitos e cansados
O grande peso e a grande dor da vida
Que não passa de um caminho obscuro
Repleto de amargura, sem sentido, sem razão...
Não tenho mais forças para lutar por aquilo que sonhei
Não tenho mais vontade de pertencer a este mundo cruel
Não tenho mais nem a vontade de me expressar em versos
Só a vontade de findar essa trajetória triste e sem vida...
Meu caminho é como uma floresta negra
E meu semblante já está vazio e debilitado
Não consigo mais segurar na ponta do abismo
E nem mesmo tento segurar para viver...
Sei que estou caindo lentamente
E o pior é cair lentamente...
Preferiria cair logo de uma vez, partir dessa vida
Do que viver sendo linchada e morrendo aos poucos...
Sinto tanta tristeza em meu peito, tanta dor
Tanta indiferença - como sou inútil nessa vida
Carrego ainda meu coração sempre tão triste e solitário
Não tem amor, não tem vida, bate por bater...
Quis durante muito tempo, um motivo
Motivo este que pudesse me fazer sorrir
Que pudesse me fazer sonhar
Que me dessa uma razão pra seguir na caminhada
Alguém que me fizesse sentir querida
Alguém que me amasse e me tratasse bem
Alguém que se importasse com a minha vida
Alguém que se dispusesse a acalentar meu coração
Depositei esperanças em alguém que nunca existiu
A não ser nos meus sonhos idealizados
Tanta poesia fiz, tanto amor em versos escrevi
Tanto amor vivi, tanto querer em me doar ao sentimento
Porém, tudo era irreal - um sonho idealizado
Um príncipe idealizado que na verdade nunca existiu
Em tanta frustração meu ser ficou preso
E hoje, sou naufragada pelo passado em lágrimas
Ainda dói, não vou mentir
Ainda penso, ainda desejo
Ainda idealizo - infelizmente
Ainda amo - talvez seja amor...
Ainda sofro, mas não quero
Talvez até me permito sofrer
Mas, são raízes profundas em mim
Que se fixaram e não querem sair jamais...
Depositei esperanças em um ser que me maltrata
Em um ser que não me deseja como eu o desejoava
Sim, o desejoava - (...)
Um ser que nunca fez nada por meu ser
E tanto eu por ele pude fazer...
Escrevi versos, entreguei e fui sempre a tola
A tola que sempre amou e demonstrou o amor
Porém, fui tão criticada até pelos laços familiares dele
Daquele que foié protagonista da minha existência...
Como dói ser frustrada
Mas o peso maior é ser desprezada
Esquecida - sim, esquecida
Esquecid...
Esqueci...
Esquec...
Esque...
Esqu...
Esq...
Es...
E...
...
Fui esquecida durante todo esse tempo
Dói demais, não vou mentir
Se hoje estou viva,
Nem eu mesma sei...
Mas, minha dor não se resume só ao amor...
Tudo é um passado que está preso
Um passado que é presente
Um passado que é futuro
Um passado constante
Um passado permanente
Lembranças duras, difíceis a cada dia
Frustrações, lágrimas, solidão
Desprezo, esquecimento, versos sem retorno
Tudo isso me dói
Tudo isso me marca
Tudo isso me faz sofrer
A dor maior é da solidão e do esquecimento
Não só do amor que tive e que não me quis
Mas, de todos aqueles que um dia cruzaram meu caminho
Sinto como se eu fosse um peso no mundo
Uma criatura que veio só para sofrer
Chorar
Querer amor
Querer amizade
Tentar
Tentar o amor
Tentar a amizade
Tentar a vida
Mas, que sempre foi frustrada e triste...
Meus sonhos eram pacatos
Eu só queria...
Eu só queria...
Eu só queria...
Eu só queria a utopia...
Aquilo que não pode existir pra mim
Aquele amor que não pode ser meu
Aquele sonho que não pode se realizar
Aquele querer...
Reticências...
Aquele querer...
...
Reticências...
Lágrimas da Vida
Hoje e sempre permanecem
Quando param de cair
Ficam marcadas em minha face
Face que nem gosto de ver no espelho
Fico ainda mais triste
Na verdade, sou um poço de tristeza
Mas, confesso que eu tenho a evitado...
Queria amor...
Quis amor...
O Amor é mesmo Impossível...
Não mais desejo
Não mais vivo
- Nunca vivi -
Não mais sonho
Mas, ainda sinto...
Como deve ser bom amar...
Amar em plenitude...
Amar e ser amada
Não só por um bom homem
Mas, por aqueles que fazem parte da vida também...
Só que ter um companheiro
Tornaria o amor mais completo...
Lágrimas se prendem em meu coração
Lágrimas se prendem em minha alma
Presas, mas caem de meus olhos
Olhar chateado, esquecido, incompreendido
Minha dor é tanta
Que tenho tanto o que escrever
Mas, não tenho forças
Não tenho esperanças...
E assim ele se finaliza
...
Nos três pontos da minha vida
Em que um é sempre presente:
O passado...
O passado por onde se veem lágrimas a todo instante
E assim ele se finaliza
...
Nas reticências daquilo que eu queria dizer...
Aquilo que eu ainda sinto
A dor que eu ainda vivo
Mas, que não mais cabe em palavras...
Nem mais cabe em meu peito, pois se dilui em lágrimas...
E assim ele se finaliza...
...
No grito oculto e esquecido
Da voz e das letras de uma mulher
Que um dia brincou de ser poetisa
Pra descrever as mágoas que permeiam
Sua vida e seus sonhos não mais vivos
Uma voz oculta e triste
Que só deseja cessar a dor
Por meio da eternidade sob a luz da lua, das estrelas
E do esquecimento, tão comum, tão normal, tão difícil
Mas, necessário para o fim da minha vida.