FIM DE LINHA
FIM DE LINHA
Aos poucos amigos vão dando adeus
Embora seja muito natural
Afinal ninguém é imortal
Fico meio bronqueado com o tal Deus
Sei que parece egoísta
E também maniqueísta
Mas a medida que perco amigos
Sinto-me desprovido de abrigo
Quem vai escutar minhas lorotas
Quem vai aturar meus papos
Quem vai me contar anedotas
Vou ficando no meio de sapos
Cada vez mais sozinho
Vou recolhendo-me ao ninho
Escondendo-me de mim mesmo
Vivendo o que me resta a esmo
Aos poucos não ouço nem sou ouvido
Vou sendo oprimido e espremido
Pelos novos tempos e jeitos
Nos quais sou quase rejeito
A caminho da senilidade
Vou perdendo as amizades
E ao me sentir sozinho
Quero seguir pelo mesmo caminho
Espero que Ele me ouça ou leia
E me leve para outra aldeia
Onde possa novamente
Encontrar minha gente