FIM DE LINHA

FIM DE LINHA

Aos poucos amigos vão dando adeus

Embora seja muito natural

Afinal ninguém é imortal

Fico meio bronqueado com o tal Deus

Sei que parece egoísta

E também maniqueísta

Mas a medida que perco amigos

Sinto-me desprovido de abrigo

Quem vai escutar minhas lorotas

Quem vai aturar meus papos

Quem vai me contar anedotas

Vou ficando no meio de sapos

Cada vez mais sozinho

Vou recolhendo-me ao ninho

Escondendo-me de mim mesmo

Vivendo o que me resta a esmo

Aos poucos não ouço nem sou ouvido

Vou sendo oprimido e espremido

Pelos novos tempos e jeitos

Nos quais sou quase rejeito

A caminho da senilidade

Vou perdendo as amizades

E ao me sentir sozinho

Quero seguir pelo mesmo caminho

Espero que Ele me ouça ou leia

E me leve para outra aldeia

Onde possa novamente

Encontrar minha gente

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 15/10/2012
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