O MORTO-VIVO

Todas das manhãs, ao sol do meio dia

Anda sem rumo a cata de comida

Uma lata de lixo é a sua preferida

Restos de alimentos saciam a fome

Algumas almas caridosas o ajudam

Na sua primeira refeição do dia

Um gole de café alivia sua agonia

Com um pedaço de pão sem manteiga

Mastiga feliz, parece ser um prazer

Depois percorre os restaurantes

Procurando o que sobrou para si

O juízo não é perfeito, mas ele sorri

Zeron é como é conhecido

Nem o nome ele sabe dizer

É um morto-vivo que perambula

Dormindo em calçadas, sentindo frio

Em noites de chuva procura um canto

Se cobre com jornais, não tem um manto

É puro sofrimento aos nossos olhos

Mas Zeron não enxerga assim

Um não para ele é o mesmo que um sim

E assim vai vivendo, levando a vida

Triste para nós, feliz para ele

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 10/10/2012
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