Testamento
Estou partindo daqui
Morrendo no coração
Parece só uma repetição
E de fato é,
Mas é uma repetição importante
Eu me arrependo.
Não, não com as pessoas,
Com elas eu me acostumo.
Arrependo-me de mim mesma
Mais intenso ainda
Minha decepção
Pergunto-me a cada
Minuto
A causa
O porquê
O motivo
De tamanha ilusão
Querido reflexo
A(má)vel eu
Já cansei de receber respostas
A cada segundo que passa
Já tenho conhecimento
Preciso de soluções.
Cansei de ser matemática
Só quero ser quem eu fui
E quem eu gosto de ser
Pronto
Já lhe mostrei
Minha autópsia
Mas desejo deixar-vos
Alguma coisa
Ou coisas...
Ou nada...
Ou tudo...
Deixo aos de lá
Minha pessoa
E tudo que é meu
Afinal sou deles
Deixo aos de cá
Minha infância
Aquelas lembranças de boneca
Deixo ao meu melhor amigo
TUDO
Imaginou tudo?
É, isso mesmo.
Porque Ele me conhece
Melhor que eu mesma
Deixo a estes,
Minha amizade e admiração
Amor e gargalhadas.
Deixo a esses
Nossos sorrisos, conhecidos.
A aqueles, lá longe
Que já estiveram mais perto
Deixo-me “Elefante”
Exato, foi o que sobrou
Pois não tiveram e não têm
A torre para fazerem sombra em meu forte
Deixo-me à parte pelo todo
e o todo à parte
Imitando a boca flamejante
Entrando no clima
Da cidade das pipas
Bem mundo,
Deixei o meu grito
De pensadores infames
Inflamei-me de pensar
Que cada um,
Se quiser,
Venha receber o que de mim restou
Peço por último
Que me deixem na paz
Vivam
E até mais!