Impotência de mim
Poderia embebedar-me com teus beijos
Mas nem é preciso,
Embebedo-me com ou sem eles
Neste quarto triste e vazio.
Os prazeres guardados n'alma
Estão distantes,
O que deixa minha vida aguada
E com um azedume atordoante.
Nos sons inexistentes
Ouço sua voz no canto do ouvido,
Vejo nos negrumes brilhantes
Seu rosto belo, porém tão escondido.
Bebo-te... Bebo-te até cair,
Bebo do vinho que bebíamos;
Depois ríamos,
Das nossas roupas à cair,
Das palavras emboladas,
Das pernas atrapalhadas,
E da preguiça de se vestir.
Era tão bom nossos corpos colados
Os dedos entrelaçados,
Você dizendo tudo que eu amava ouvir.
Mas tudo acabou-se,
Tudo poeira no ar tornou-se,
Deixando minha vida
Um supérfluo existir...
Tome, pegue a taça,
Encha-a de vinho
E brindemos o meu subsistir.