O homem que morre

E, assim como quem chora, o homem que morre...

Vai se ligando, ponto a ponto, e se vê em caos

A desordem que se joga aos seus pés...

E a cabeça em todo medo já se vira do avesso.

As cores desbotam...

Todas, todas... E nenhuma lhe quer bem.

O que foi que o homem disse?

Antes de morrer, quase nada faz sentido...

E se depois de morto, há um prazer descomunal?

Onde está a paz dos garotos?

A cabeça fervilhando de tantas idéias inúteis

E as mãos querem matar...

E não querem nada.

E só o coração ainda faz alguma coisa...

Pela pura comodidade humana.

Essas coisas assustam, e são tão mesquinhas.

Como quem morre, todo homem tem de sofrer...

Do contrário, não vive...

Mistério maior que soluçar loucamente de medo...

E mesmo assim insistir, não deve existir.

Inadequação é uma palavra e um dicionário...

Veja que o ponto sólido dos que não querem mais...

É não fazer questão de ponto algum, portanto...

O ponto é nulo, cada definição tem o seu assento...

Seu uso vão... E...

Sabe, acho que cansa, deve cansar...

O homem que morre parece saber o que está acontecendo.

Daniel Sena Pires – O homem que morre (02/10/12)