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Quando eu te Olho


 

Às vezes, quando eu te olho

Me lembro do quanto eras jovem,

Me lembro do quanto eu mudei

E de que jamais crescemos...

 

Apenas demos as mãos

E saímos a brincar

Lá fora, nesse jardim

Onde o sol se derramou

Com seus raios, em mil feixes

Sobre nossa juventude,

 

E a tempestade caiu

Sobre nós, com seus trovões,

Derrubando das roseiras

As rosas que tinham brotado,

 

E o outono deu seus frutos

Que comemos, tão famintos,

Nos caminhos que seguimos

 Tentando encontrar respostas,

Vislumbres do infinito...

 

Às vezes, quando eu te olho,

Me lembro que já choramos

Já sorrimos, já amamos,

Já sofremos, no entanto

Acho que jamais crescemos...

 

Somos aquelas crianças

Que um dia, se encontraram

Às portas deste jardim

E que bem juntas, sonharam

Com cores de primavera,

Com as chuvas do verão,

Com as rosas que brotaram,

Desfolharam pelo chão.

 

Às vezes, quando eu te olho,

Meus olhos se enchem d'água

Pela sede que nos mata,

Pelas fontes que secamos.

 

Uma vez, houve um verão

No qual nós amanhecemos,

E depois, anoitecemos

Desatentos, nos perdemos...

 

Às vezes, quando eu te olho,

Me dá um nó na garganta

Pois eu nos vejo crianças

De mãos dadas, pelo tempo

Que murchou as esperanças,

Amareleceu lembranças

E nós dois não percebemos.

 

Às vezes, quando eu te olho,

Sinto um fôlego surgir,

Dá vontade de sair

Descalça pelo jardim

 

E acolher nossas crianças

Que há tempos, nós perdemos

E dizer que não se assustem,

Afinal, nunca crescemos!...

*

Para Abrahão - resgateremos nossas crianças, quando secar a tempestade.

Imagem: Ana Bailune

 
 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 28/09/2012
Reeditado em 28/09/2012
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