Canário morto

Suas penas pálidas e amarelas

rijas e secas no fundo da gaiola

os seus olhos não mais viam...

vesgos tropeçavam nos espectros

de imagem

Sua farinhada tão querida

abandonada

Sem a sua presença

Sem o seu contato

Amarelo rajado de ouro cinza e branco

Era uma jóia que alegrava as manhãs

cantando

cantando

A liberdade mordida do bico

as unhas limadas cuidadosamente

e enfim,

a morte que o liberta

do canto,

da gaiola,

de meu domínio

e da

sorte de nosso encontro

nas encruzilhadas

perdidas de um lar

desfeito.

Solidão.

Hoje estou órfão de você.

Morrei assim órfão...

Até que um dia deixarei órfãos

sem saudades.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 27/09/2012
Código do texto: T3904999
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