MEU BARRACO

Não há estrelas no meu chão

eis porque piso apenas o barro

que está escuro, empoeirado

sem o brilho desses astros

No meu barraco não há luar

os pingos de chuva irritam

e entram por entre frechas

respingando-me o rosto

aqui não tem lirismo, só dor

num misto de fome e solidão

enquanto ouço disparos

que se prolongam na noite

Quando o amanhã chegar

o meu chão terá melancolia

do salpicar dos chuviscos

no barro sujo e empoeirado

Haverá corpos trucidados

jovens principalmente, mortos

deixando poças de sangue

como fel que amarga seus pais

Numa favela não tem estrelas

brilhando no chão dos barracos

tem uma lua triste e lúgubre

que chora a nossa miséria

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 18/09/2012
Código do texto: T3887350
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