Por misericórdia, não a tenha por mim...

NÃO PRECISA OLHAR-ME UM INSTANTE MAIS

ESTOU SANGRANDO HÁ TEMPOS

E NÃO HÁ QUEM ESTANQUE, APARE, AMPARE

AQUEÇA MINH'ALMA...

NÃO DÊ UM PASSO EM DIREÇÃO,

O SANGUE JORRA E FERVE

QUEIMA E DEVASTA A TUDO

ARRASTA-ME PARA UM ABISMO ESCURO...

VIRE-SE E VÁ EM FRENTE, DE FRENTE À SUA VIDA

ESQUEÇA QUE VIU MINHAS LÁGRIMAS E MINHA DOR

NÃO QUEIRA OUVIR MAIS OS GRITOS DE HORROR...

VÁ EMBORA PARA NÃO SOFRER JUNTO A MIM...

POIS NÃO HÁ AMOR QUE SUPORTE A MORTE EM VIDA

NÃO HÁ QUEM, POR CARINHO OU PIEDADE, FIQUE

SEM CONTAR NOS PONTEIROS DO RELÓGIO O MOMENTO DE IR EMBORA...

E SE LIVRAR DO FARDO, DA MISERICÓRDIA OBRIGADA...

DEIXA-ME SANGRAR,

AFOGAR-ME EM PRANTOS E RIOS DE SAL E SUOR

MORRENDO AOS POUCOS, SEM ESPERAR SUPOSTA ESPERANÇA...

PORQUE A MORTE É MAIS DIGNA E MAIS HUMANA...

DEIXA-ME CHORAR AS CULPAS, OS MEDOS E OS PECADOS

NAS MÃOS DE DEUS, NO AMPARO DOS VOSSOS PÉS DIVINOS

POIS ELE É O ÚNICO QUEM MERECE MINHAS DORES, MINHA, AINDA,

POUCA VIDA!

Anna Beatriz Figueiredo
Enviado por Anna Beatriz Figueiredo em 17/09/2012
Código do texto: T3887202
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