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Livro

Dói, ler em teus olhos a estória triste
De uma alma em fogo a se consumir.
Vejo em tua pele impressos os estigmas
De alucinações de noites sem dormir.

Tento adivinhar um pouco de tua estória,
Entre os borrões negros sobre tuas folhas;
São tão dolorosas as tuas escolhas,
Tuas tentativas, todas tão inglórias!

Essa capa dura, rebordada a ouro,
Mantém protegida tua frágil estrutura.
És a minha vida, meu maior tesouro,
Nem sequer suspeitas o quanto eu sou tua.

Sou a estante firme sobre a qual te aninhas,
E a leitora ávida, a que interpreta
Tua caligrafia, sempre tão incerta...
Só eu posso ler nas tuas entrelinhas!

Dizes que sou forte, teu porto seguro,
Vês em mim a luz desse teu túnel obscuro...
Não sabes que eu mesma também sinto medo,
Depende do teu, esse meu pobre enrêdo!

*
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 13/09/2012
Código do texto: T3880323
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