OLHANDO A JANELA
Sentado na cadeira de balanço observava o tempo
Através da janela fluíram planos e sonhos
O olhar era vazio, os seus momentos tristonhos
A idade avançara e o raciocínio diminuíra
Assim era a vida de um pobre solitário
Jogado num lar de idosos não tinha opinião
Sem família, sem carinho, ninguém lhe pedia a bênção
O tempo passou e o futuro não mais existia
Somente a janela era o seu mundo real
Ali dentro nada compreendia, tudo era igual
Caridosas atendentes o ajudavam nas refeições
Vazio por fora, vazio por dentro, ali ficava
Olhando a janela tinha momentos de prazer
Poucas lembranças, porém nada para reviver
Quase todo seu tempo era naquela cadeira
Companheira diária junto àquela bela visão
A janela, seu mundo, consolando-o da ingratidão